Jessie Miranda

Minha foto
Até nas flores encontra-se a diferença da sorte; umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte!

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

FOTOGRAFIA REVOLUCIONÁRIA


Nos dias atuais, ninguém lê mais de três linhas, mas escrevo.
Acho que essa foto já tem 2 anos. E ela representa uma revisita ao meu eu do passado. O eu de quem posava nos anos 2000 quase todos os finais de semana cheia de certezas, ousadia e verdades absolutas.

Cria de favela, eu iniciava uma carreira - ou tentativa de - como modelo e mais tarde como atriz. O contato com a arte, a partir dos meus 11 anos me salvou. Sem grana para bancar os valores absurdos de material fotográfico - valores absurdos para a minha realidade -, passei a buscar escolas de fotografia para posar para os alunos e de lá, conseguir montar um "book frankenstein" para ir à labuta e "me vender" p/ as agências. E isso eu consegui. Cheguei ao grande saguão dos castings nos anos 2000. Eu tinha castings toda semana. À época, o mercado publicitário estava começando a diversificar. Hoje eu entendo que muito mais por pressão do que por necessidade e justamente por ser por pressão, eu não encontrava espaço, pois não era nem branca nem preta. - Estereótipos comunicam em segundos no mercado publicitário. (Eu ouvia muito isso). Não me encaixava, pasmem, mesmo no perfil de ancestralidade indígena. Cabelos e olhos claros, você é exótica demais. E, embora este meu perfil me blindasse do preconceito (tenho total clareza disso), nesse meio eu era invisível e não conseguia destaque. Sempre estava entre as 3 editadas para as publicidades, mas a escolhida, nunca era eu. Uma frustração, é claro, mas quando eu via a campanha no ar e via que a atriz escolhida era preta, eu ficava feliz por ela e não reclamava. Afinal, quem era "fora do padrão" e tava fazendo o corre nessa época, sabe do que eu estou falando. Nós, nos ajudávamos o quanto podíamos @eudududeoliveira e @taty.godoi que ainda estão no mercado não me deixam mentir. Ali era o começo da diversidade por pressão e ainda falta tanto espaço, mas atribuo a vocês dois a um trabalho coletivo de abertura de caminhos. 🥰💖 E envio toda energia do bem ao caminho de vocês. Que merecem muito! 💖🙏🏽💛🌻
 E trago essa fala para os dias de hoje, pois nessa época eu só vivia isso, mas não tinha a menor compreensão da questão social envolvida aqui.
Meio que sem saber como, fui experimentando outras coisas dentro da Arte, esse lance da fotografia é bastante engraçado, pois ao passo que as publicidades não me aceitavam, as escolas de fotografia de São Paulo me queriam lá para os alunos. E conforme os cursos iam dando continuidade,  os alunos adoravam quando era eu que estava posando. Com alguma visão (além das poses) criava roteiro, cenários e íamos coletivamente construindo uma narrativa...
Assim, lá atrás eu conheci fotógrafos que estavam no corre e fazendo os nomes deles e me chamavam para fotografar: Ernesto Kobayashi, o Marcelão, Fernando Ducatti, e um pouco depois, os alunos de fotograria,  foram a um workshop e me levaram junto com eles, o workshop de iluminação continua do saudoso André Gardenberg, com quem passei a ter trocas incríveis sobre olhares pelo mundo... Nessa época, já meados de 2009, se você digitasse o meu nome no Google, as 9/10 primeiras páginas eram fotos minhas. Fui parar até em página de jornal na Turquia. rs Em uma matéria que citava o meu nome, falando sobre moda no Brasil e fotografia E ali, entre alunos e mestres da fotografia, entendi que sempre pertenci ao cenário alternativo. Muito tempo depois conheci outro talento que tive a honra de fotografar que é o Charles Naseh. 
Hoje, eu sei que um ensaio fotográfico,  para mim, é um ato de rebeldia frente ao não pertencimento de uma era que já passou e que agora, com as redes sociais como ferramenta, devemos ter consciência que quem cria as demandas do que será consumido nas redes sociais, somos nós. E aí me questiono: o que estamos dizendo aos algoritmos o que queremos por aqui (no universo paralelo da Internet)?

Agora, eu, pessoalmente, só tenho que agradecer à fotografia, mestres e alunos,  tudo o que eles me ajudaram a construir até aqui. Retratos são o entendimento d infinito particular de cada ser e suas camadas. Me expor tantas vezes, fez com que eu não ligasse de expor o meu lado mais vulnerável e transformá-lo em força. 

sábado, 6 de novembro de 2021

Colcha de retalhos

.

Somos feitos de retalhos. E acredito que Almodóvar concorde comigo; que somos feitos de retalhos. Não digo isso por “a pele que habito” ou por suas cores, é talvez pelas cores eu diga sim, mas principalmente, pois sinto que a síntese de sua obra, é o quanto do outro desejamos que habite em nós. Todos seus personagens, positiva ou negativa, direta ou indiretamente; afetam-se, e por isso são feitos de retalhos do outro. E Claro que em suma, somos em maioria e essencialmente nós mesmos; mas, ainda assim, somos também feitos de um pedacinho do outro. E é muito fácil de perceber isso quando alguém que gostamos ou apenas admiramos parte. Lembramos-nos de tudo do outro que habita em nós. É como se tudo que fosse “materialmente“ da pessoa que habita dentro de mim, partisse junto. E fica aquela dor, aquele silêncio com um zumbindo incessante que nos ensurdece; fica aquele vazio, cheio de reticências...
Quer ver como realmente muito do outro nos ocupa? Se você costuma dizer: “Ô sofrência!”
É um pouco de Marília que está retalhado em você. Se você tem aproximadamente trinta anos um de seus primeiros bordões pode ter sido gritar “Avaalancheeeeeee” de Eduardo Galvão. Assim como bordões de personagens de Paulo Gustavo, de tantos outros que foram e de tantos que ainda estão aqui conosco. Poderia usar múltiplos exemplos. Nós somos nós mesmos, mas somos feitos de retalhos. Quem são as pessoas de quem você recolheu os retalhos que envolvem a sua alma? Para quem você pensa que cedeu retalhos? Gostaria de deixar mais de você em alguém, gostaria de ter mais do outro em você?
Recentemente perdi uma pessoa muito importante para mim e, ainda tem sido dias muito difíceis, alguns mais do que outros, mas, penso que o tamanho do vazio que fica quando alguém que amamos muito parte  é proporcional ao tamanho do retalho deixado por ela em nós.
Quanto maior o amor, o retalho de vida que o outro deixa em nós; maior é o luto, maior é a dor. E o nome disso é legado.  A dor da ferida aberta no luto, aos poucos vai sendo preenchida por todo o legado de quem partiu que fica em nós. E quando nos unimos para ver o retalho de quem partiu, entre os nossos que ainda estão aqui para apaziguar um pouco da dor, tenho certeza que, lá de cima, aquele viajante que amamos, exibe orgulhoso aos que também já partiram; a imensa colcha de retalhos que fez ao longo de toda a sua vida...

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Não era o peido do palhaço. Era a merda mesmo, Regina.



Sabe o peido engraçado do palhaço, Regina?
Nunca aconteceu. Só merda mesmo. E no caso, em nossas cabeças. Essa histeria coletiva por parte dos seus, Regina, trouxe pobreza, morte e desesperança. Como se a doença em si, já não nos fosse catastrófica o suficiente, tivemos/temos que lidar  com a doença de mente e alma dos seus. Mas,  o que esperar de alguém cujo o discurso sempre foi de morte?
Há - ainda - quem irá dizer que isso é um exagero, ora essa! porém basta acessar conteúdos de fala criticando: os quilombolas, dizendo que a ditadura matou foi pouco, que não é coveiro. Entre muitas outras falas que indica a falta de tato, para não dizer o correto deste sujeito. E ouso dizer mais, quando o incômodo da classe de intelecto e/ou econômico, elege um " líder " que usa discurso em favor apenas do que diz respeito às bolhas que pertence. 
E isso só reforça que o ódio pela igualdade social, está disfarçado de ódio pela corrupção - e que não acabou. Continua e com tentativas e ameaças absurdas a quem peita e ameaça contê-las - não ouço o esbravejar destes contra a corrupção. No fim, o discurso de querer um país sem corrupção - que acredito ser um desejo de todas e todos - mas está baseado na utopia de que: "eu sou perfeito e o outro é que tem que mudar", ou seja, a sinhá é o sinhô do casarão, não pode entender e aceitar que é responsabilidade do estado lutar por quem está à margem. No fundo, o discurso de alguns contra a corrupção, mascara na verdade incômodos de "perder/dividir" o seu lugar de privilégio - muitas vezes não claro, mas pra outros, consciente  porém oculto - e olhar para isso  em si mesmo dói. Então, é mais fácil apontar o dedo aos outros, a ter que olhar para dentro e reconhecer que no fundo o preconceito em relação a classe social, ao racismo, machismo estrurutal está dentro de cada um de nós e que é importante olhar para isso, antes de qualquer coisa para que consigamos ser justos e ter um lugar mais digno de se morar. 

O que quero dizer com isso tudo, Reginas?
Digo aqui. O princípio de tudo isso, Regina, mora no egoísmo de querer o acúmulo. Está na ideia do maior é melhor, do egoísmo, no benefício próprio antes do coletivo e, uma coisa eu te afirmo, Regina,  esse cara não chegou lá sozinho. Ele foi colocado, justamente, pois encontrou muitos iguais a ele por aí. Encontrou vozes similares, Regina, embasadas em um descontentamento que levava outras coisas além da corrupção e que se fôssemos capazes de resvalar mais a fundo, encontraríamos todas elas. 
A sociedade está doente e como é mais confortável falar com um igual, elegeu um doente, Regina. Um egoico e por consequência disso não é capaz de reconhecer a sua desumanidade. 
Igual a sua Regina. E a de tantas Reginas, Regina.

🤯🤒😖

sábado, 6 de fevereiro de 2021

• 𝔸𝕦𝕥𝕠𝕣𝕣𝕖𝕥𝕣𝕒𝕥𝕠 𝕖 𝕡𝕠𝕖𝕤𝕚𝕒 •

Uᴍ • Aᴜᴛᴏʀʀᴇᴛʀᴀᴛᴏ • ᴄᴏɴᴄᴇɪᴛᴜᴀʟ ᴅᴏ ᴍᴇᴜ ᴇɢᴏ ᴀʀᴛɪ́sᴛɪᴄᴏ.

E agora partindo da tríade da psique, um ego superestimado cheio de  redundâncias e críticas.
O que atesta isso é a necessidade da escrita a respeito de uma arte que deveria ser apenas visual.
No silêncio da artista fez-se a necessidade da palavra, pois sou autorretrato, mas também sou poesia.

• 𝔸𝕦𝕥𝕠𝕣𝕣𝕖𝕥𝕣𝕒𝕥𝕠 𝕖 𝕡𝕠𝕖𝕤𝕚𝕒 •
Jéssica Miranda.

 

• 𝔸𝕦𝕥𝕠𝕣𝕣𝕖𝕥𝕣𝕒𝕥𝕠 𝕖 𝕡𝕠𝕖𝕤𝕚𝕒 •

Uᴍ • Aᴜᴛᴏʀʀᴇᴛʀᴀᴛᴏ • ᴄᴏɴᴄᴇɪᴛᴜᴀʟ ᴅᴏ ᴍᴇᴜ ᴇɢᴏ ᴀʀᴛɪ́sᴛɪᴄᴏ.

E agora partindo da tríade da psique, um ego superestimado cheio de  redundâncias e críticas.
O que atesta isso é a necessidade da escrita a respeito de uma arte que deveria ser apenas visual.
No silêncio da artista fez-se a necessidade da palavra, pois sou autorretrato, mas também sou poesia.

• 𝔸𝕦𝕥𝕠𝕣𝕣𝕖𝕥𝕣𝕒𝕥𝕠 𝕖 𝕡𝕠𝕖𝕤𝕚𝕒 •
Jéssica Miranda. 

terça-feira, 28 de julho de 2020

Caixa preta

"(R)existir" !!!
💓💓💓

O processo,
A construção,
Para desconstrução!

A FORÇA!
A POTENCIA!
A possibilidade de ser mil, sendo eu; enfim!

Da imersão!
O mergulho dessas almas bem-vindas, que transitam e habitam o meu corpo
Para que eu possa dar vida a elas.

E e o que elas podem fazer nesse mar misterioso que há em mim. (?!)
Ah!
...
O poder abstrato e ainda sem nome que a caixa preta em que me enfio exerce sobre mim...

Me transforma!
Transpassa.
Transmuta
Muda,
Mas fala.
E RESISTE!

Transformando-me
Em borboleta,
Em flor violeta,
Na menina das caretas,
E, entre tantas facetas,
Estou todas nelas,
mesmo sendo elas
Nem tão minhas assim.

Imensidão, dilatação; obrigada por caber em mim!

Por: Jéssica Miranda

#Teatro #atriz #amor #arte

terça-feira, 12 de maio de 2020

a brisa

Meus sentimentos (?)
De dentro transbordam.
Trazendo risos e acalentos.
Neste período taciturno em que estamos. Apenas sobrevivendo.

Os sentimentos são como uma brisa leve.
Em um fim de tarde com pôr do sol primaveril.
A brisa
Derrama-se acariciando as tulipas em seu campo,
Que dançam e tocam-se.
No silêncio do vento. 
Sem saber que estão a guiar-se
Pela brisa que está.
Mas que há de passar. 
E passará a deitar-se sobre campos de gérberas, 
Como fizeste outrora, onde ainda tulipas dançam! 

(J.M.)

Desculpe,  às vezes vomito poesia. 
Nasceu sem querer 
12/05/2020
15:30

quarta-feira, 20 de março de 2019

Tempo

Poesia.
Assim como a (mu)dança da areia que instala-se e se aquieta, tranquila. Do outro lado da ampulheta. 
Como se percebesse o todo, fragmenta-se para depois repousar ao lado doutro grão.
Em silêncio, mas no tempo das coisas, torna a ser unidade.

Ainda sendo tão plural, é toda ela;  singular.

Sobre sentir florescer e assinar:
Sim, poesia de vida nasce de mim.
.
J.M.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Girassol

Não há filtro.
Há paz.
De um giro pelas ruas do meu novo universo.
Fez-se o sol girando entre céu e as passadeiras que atravesso.
Entre mundos.
Cá e lá, reluz o brilho que hoje só enxergo no silêncio agradável que solitude me presenteia, quando, inesperadamente  encontro milagres do astro Sol, brotados na Mãe-Terra que gira diante dele.
Deste enlace de amor, na Terra brota o que o Sol, quis que se fizesse presente na Terra.

Por isso, na Terra, Girassol.
Enquanto a Terra gira em torno de ti.

terça-feira, 20 de março de 2018

A poesia, assim como a (mu)dança da areia na ampulheta, instala-se e se aquieta, tranquila do outro lado.
Como se percebesse o todo e, fragmentando-se para depois repousar ao lado doutro grão.
Em silêncio, mas no tempo das coisas, torna a ser unidade.

Ainda sendo tão plural, é toda ela;  singular.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Flores em abundância

Hoje, pela manhã, ao sair para trabalhar, eu que não sou lá tão amiga delas assim, embora as admire um bom tanto, parei por um instante para admirar o trabalho e a delicadeza que as abelhas, habilidosas, dedicam ao beijar as suas flores.
Dizem que estão cada dia mais escassas. Talvez por que não haja mais tantas flores vivas assim para que  elas - também - existam em abundância. Elas que nos dias que correm, visitam bordas de refrigerantes e bebericam nos sucos artificiais.
Sei que sentem sede e também sentem falta das flores em abundância... Os homens colhem as flores, arrancam-nas de seus jardins, para dedicar ao outro toda sua devoção em forma de vaidade. Não que eu não aprecie ganhar flores, o caso é que prefiro as que estão vivas. É minha forma de reivindicar que tenhamos flores vivas, em abundância, para que as abelhas não morram de tristeza e da doença do século, por terem que pousar entre tapas, numa lata de metal e que, a Vida possa escolher o destino das flores e nunca o homem sobre a sua sorte: que umas enfeitam a vida e outras enfeitam a morte.

(Jéssica Miranda)

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A Vida é curvilínea, ondular.
Irregular.
Guiada pelo Vento que dança.
E balança.
Resiste quem não resiste,
E entrega-se.
Ao baile casado de novos ritmos
Que te (e)levam a bailar nos céus.
Ou campos.

Portanto, dance!
Ainda que a música seja marcada por silêncios. (Jess)

#poesiaemmim #Poeme_se
#escreva #sensibilidade #poemas #poesia

terça-feira, 14 de novembro de 2017

O poeta dança seu novo poema a cada linha.
A leitora de toda obra lê e silencia.
A nova leitora, eufórica, acredita,
Naquelas palavras bonitas,
Naquele peito miúdo,
Oprimido, de tanto saber.

Sabe, não sente.
Porque poeta, mente.
Escreve o que sente,
Mas não tem coragem de viver.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Para sentimentos que não se dão nomes, qualquer palavra é vã.
É preferível o silêncio, ainda que haja a escrita.
Silenciosa, mas presente.

Essa tarde calma de céu aberto e brisa suave, parece-me trazer você. Acariciando meu rosto. Eu inclino minha cabeça para o lado, de olhos fechados, e encaixo as costas de sua mão no meu ombro. Não sei se é minha saudade latente, mas, hoje gostaria de repousar minha mão sobre a tua e seguir assim, em silêncio. Só por isso eu agradeceria.

Ia te olhar nos olhos vagarosa e lhe sorrir com a alma. Aos poucos, as mãos naturalmente seguiriam o percurso dos braços e formariam um abraço. A energia do abraço em silêncio. Essa seria a minha melhor palavra. A única. O meu abraço.

Um abraço onde sei que os queixos iam de repousar entre a linha tênue de pescoços e ombros. Aqueles de corpo. Onde os corações possam quebrar o silêncio que está aqui desde então. E dançarem. Juntos. Até que, respirações e pulsos, entrem em compasso bailando em segredo um tango ou um bolero e, de olhos fechados, perceber que nossos corpos dançam tímidos: "são dois pra lá, dois pra cá"...

De olhos fechados, é possível alcançar o distante, enxergo pontes entre abismos e assim se torna mais fácil a travessia. Esta que, de olhos abertos é amarga e vazia.

Abraço é laço, de amor, de energia esperança e saudade.

O pensamento é uma oração.

Amém.

Um abraço pode ser a fonte de cura para as dores profundas da alma.

Se podes ver, repara.

sábado, 21 de outubro de 2017

Just say

Sentimentos podem ser tóxicos,
Podem ser bálsamos.
Transborde os ruins para o ralo.
Os bons projetados ao universo.
Mas, nunca os guarde apenas dentro do peito.
Mesmo o amor que não se vive em matéria,
Não significa que não exista.

Não sejamos nossas próprias prisões.
Nosso corpo precisa se conectar com o todo, para fluir como a corrente de um rio exaltando a Natureza.
Nossa mente é assim será conexão mais rápida com o universo.

Não sabe por onde começar?
Apenas diga.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

ᥲ u t o r r ᥱ t r ᥲ t o

Ando num louco caso de amor comigo. Inteiro, intenso e respeitoso.

Ao sair ao meu encontro, dei para sentir aquelas coisas que, só quem ama sente. A alegria em estar presente, em se fazer presente unicamente para si.

Ando num louco caso de amor comigo, porque durante muito tempo eu era justamente o que me faltava. E, achando-me completei as lacunas que só poderiam ser preenchidas de mim; comigo.

Por mim.
(Jéssica)

terça-feira, 19 de setembro de 2017

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Afago

Era manhã de um sábado.
Fazia sol, pelo horário o calor ainda era tímido. Despertei com um leve afago no rosto. Ao abrir meus olhos, a primeira visão do dia foi o seu sorriso. Sem qualquer palavra, no silêncio.
O meu despertador predileto se tornou o seu toque acompanhado do privilégio de te ter como primeira visão do dia, você assim, ali, presente, olhando para mim. Poderia fazer esses momentos durarem séculos. Por que a vida tem que ser tão corrida e menos contemplativa?
Você, já de banho tomado, perfumado, com seus materiais de aula separados, prepara o nosso café, enquanto me arrumo para acompanhar suas aulas matinais de música.
Já na cozinha, lhe dou um beijo de bom dia, nada demorado, só minha forma de retribuir a alegria de acordar da melhor forma que eu poderia. Tomamos nosso café falando sobre a noite que se seguira, se o sono foi de refazimento ou perturbador. E mesmo que tivesse algo de ruim, naquele momento, isso já não fazia diferença. Terminamos nosso café pegamos suas coisas e saímos.
Descemos os dois lances de escada ao caminho de seu carro, nossa bolha.
Ao entrar no carro e soltar meus cabelos para arrumá-lo, você manifesta um outro afago, emaranha-se entre os fios para sentir mais de perto perfume do shampoo e a textura dos fios. Neste momento, sinto-me gigante, algo dentro de mim parece expandir e se conectar com o universo. Eternizo assim este momento também.
Já na escola de música, chegamos com a sua aluna nos esperando. Sim, nos esperando porque ela pede que eu acompanhar a aula.
Dizemos que aquela menininha de óculos, tão amável e amada, louca por tocar guitarra, poderia ser nossa filha, ou a inspiração no caso de unirmos nossos sangues. Entre uma nota entoada e outra, trocamos alguns olhares entendendo o significado que tivera.
Após o almoço, vamos para nosso canto secreto, nossas horas de deitar no peito um do outro, nos acolhermos no silêncio onde só ouvimos nossos corações pulsarem compassados. Lá, o beijo é longo, o toque é quase um transe, ali, somos dois. Conectados.

Adormeço nos seus braços ouvindo sua respiração, viro para o lado com o pé colado no seu.

Acordo, ouço o celular, despertando o meu sono.
O teto é branco, o quarto é sombra.
E eu sou só.
Levanto, eu e as lembranças daquele sonho de vida que me despertara eternamente para o real sonho de vida.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Cantiga De Enganar

O mundo não vale o mundo, meu bem. 
Eu plantei um pé-de-sono, 
brotaram vinte roseiras. 
Se me cortei nelas todas 
e se todas me tingiram 
de um vago sangue jorrado 
ao capricho dos espinhos, 
não foi culpa de ninguém. 
O mundo, meu bem, não vale
a pena, e a face serena 
vale a face torturada. 
Há muito aprendi a rir, 
de quê? de mim? ou de nada? 
O mundo, valer não vale. 
Tal como sombra no vale, 
a vida baixa... e se sobe 
algum som deste declive, 
não é grito de pastor 
convocando seu rebanho. 
Não é flauta, não é canto 
de amoroso desencanto. 
Não é suspiro de grilo, 
voz noturna de correntes, 
não é mãe chamando filho, 
não é silvo de serpentes 
esquecidas de morder 
como abstratas ao luar. 
Não é choro de criança 
para um homem se formar. 

(...) 

Não é nem isto, nem nada. 
É som que precede a música,
sobrante dos desencontros 
e dos encontros fortuitos, 
dos malencontros e das 
miragens que se condensam 
ou que se dissolvem noutras 
absurdas figurações. 
O mundo não tem sentido. 
O mundo e suas canções 
de timbre mais comovido 
estão calados, e a fala 
que de uma para outra sala 
ouvimos em certo instante 
é silêncio que faz eco 
e que volta a ser silêncio 
no negrume circundante. 
Silêncio: que quer dizer? 
Que diz a boca do mundo? 
Meu bem, o mundo é fechado, 
se não for antes vazio. 
O mundo é talvez: e é só. 
Talvez nem seja talvez. 
O mundo não vale a pena, 
mas a pena não existe. 
Meu bem, façamos de conta. 
de sofrer e de olvidar, 
de lembrar e de fruir, 
de escolher nossas lembranças 
e revertê-las, acaso 
se lembrem demais em nós. 
Façamos, meu bem, de conta
— mas a conta não existe — 
que é tudo como se fosse, 
ou que, se fora, não era. 
Meu bem, usemos palavras. 
façamos mundos: idéias. 
Deixemos o mundo aos outros 
já que o querem gastar. 
Meu bem, sejamos fortíssimos 
— mas a força não existe — 
e na mais pura mentira 
do mundo que se desmente, 
recortemos nossa imagem, 
mais ilusória que tudo, 
pois haverá maior falso 
que imaginar-se alguém vivo,
como se um sonho pudesse 
dar-nos o gosto do sonho? 
Mas o sonho não existe. 
Meu bem, assim acordados, 
assim lúcidos, severos, 
ou assim abandonados, 
deixando-nos à deriva 
levar na palma do tempo 
— mas o tempo não existe, 
sejamos como se fôramos 
num mundo que fosse: o Mundo

(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 6 de julho de 2017

ACENO

Essa escrita abaixo não é minha, mas, talvez fale de mim em uma época em que só havia sentimento sem estado.
Mas se o sentir é vivo, existia em cada caractere das lindas e das lágrimas que acariciavam seu rosto quando eu não podia.
Hoje, tomo seu texto para dar voz ao meu peito.

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Fica esse desconforto de se projetar à frente uma paixão cansada de se apaixonar, imersa na sensação de já ter encontrado seu porto definitivo e se afogado nas âncoras da sua própria vastidão. Fica essa desesperança, esse mormaço quente a fechar os poros para as ventanias do futuro. Fica essa fé efetiva aos crédulos e endurecidos do mundo, mas impotente aos poetas, aos loucos, aos amores, aos poetas loucos de amar.

Fica esse impulso de jogar a vida ao alto, sem me lembrar de que esta, há muito, já se atirara ao solo, os braços em forma de asa amputada. Fica essa sensação quase palpável do calor de uma respiração ofegante do passado, que dia a dia vai se partindo, a cada suspiro de saudade solto diante de uma frase, uma carta, de uma foto, esse pedaço de vida enquadrado. Fica essa vontade enjaulada, essa fera em descontrole, essa festa na masmorra.

Fica essa falta de adjetivos na boca e esse excesso de poesia nas carícias que não são de ninguém. Fica essa dor de crucificado, esse corpo atirado ao leito da insônia. Fica essa vida que persiste em viver, que não me abandona, nem me responde aos apelos. Fica esse telefone mudo, essa chave que não gira, essa porta que não range.

Fica essa inutilidade em escrever, essa insignificância de ser, essa perda de valor dos anéis, esse lamento pelos dedos que se foram. Fica esse boa-noite parco, esse abraço fosco, esse beijo seco, esse entrelaçar irrisório, essa prosa sem vontade. Fica essa vida besta de Drummond, essa metrópole travestida em cidadezinha qualquer.

Fica essa mesa cheia de contas, esse copo cheio de uma bebida que até então me era estranha, esse choro baixo. Fica essa mão estendida, esse lábio entreaberto e calado diante da falta de opções, esse presente despido de qualquer ansiedade.

Fica essa casa sonolenta, esse filme sem enredo, essa falta de atenção, esse dinheiro que sobra para tudo e é como se não sobrasse para nada. Fica esse consolo da solidão, inevitável redentora, mãe de todos os descrentes, a trazer nos braços serenos os motivos, os porquês, as regras de uma vida que não se explica por si mesma. Fica esse pacto com a morte, essa velha dama de botas escurecidas, que ri sarcasticamente da glória do meu desencontro, sem desconfiar que já se tornara, desde então, minha única amante.

ACENO
Por: Eric Brandão.

sábado, 17 de junho de 2017

Inteira

30/04/2014
Porque durante muito tempo eu era justamente o que me faltava.
E, achando-me, completei as lacunas que só poderiam ser preenchidas de mim; comigo.  Por mim. #fragmentos

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Sobre os copos dos corpos.

Das sobras de um copo quase vazio, jogado em um canto.
Há um coração esquecido. Largado.
Após bebericar todos os sentimentos que nele haviam.

De sentimentos; embriaguei-me.

(Escrito em 14/04/2015. Editado).

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Lua

E ela, que dormia encostada na vidraça do coletivo em movimento, semicerrou seus olhos e deparou-se com a magnitude do seu amor. A lua.
E a desta noite,  ela que, mesmo sem ter aproveitado o seu dia, mesmo tendo dedicado toda sua boa energia à outras pessoas, que provavelmente não verá nunca mais.
Ela, por três segundos, aproveitou sua noite, por causa da lua.
De todos seus amores, a primícia de todos eles vêm da LUA AMARELA e, por amá-la desta forma, esta noite amou tudo que está em seu coração, suspirou, fechou os olhos e dormiu novamente, pois lá, exatamente lá, nos sonhos, onde a lua está sempre como ela ama, amarela e majestosa, ela encontra seus amores, enlaça-os num laço de nó. Eternamente.

Até os que já se foram, que partiram para sempre, e vivem através do amor, essa saudade ardente.

Por: Jéssica Miranda.
(07/02/2015)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

As minhas asfixias,
Surgem quando mergulho.
Acidentalmente.
No meu oceano mais profundo.

Das minhas asfixias,
Que se dão quando enxergo a linha do horizonte e nada vejo,
Mas é tamanha sua magnitude,
Que desperta-me grandiosos sentimentos.

Guardados a sete chaves.
Até de mim.

Por: Jéssica Miranda
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