Jessie Miranda

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Até nas flores encontra-se a diferença da sorte; umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte!

terça-feira, 2 de junho de 2015

Reverência

E me curvo, diante do silêncio, da respiração presa pela expectação do espectador.
E sou tomada por seus silêncios, suspiros, pausas dramáticas e, até, um leve movimento para encontrar a melhor posição e acompanhar atento o que sucederá diante de seus olhos. 
Do lado de cá do palco, somos mais que espectadores, nós, os artistas, somos no som da palavra, como quem nos assiste; expectadores. 
Nunca, em qualquer palavra pertencente ao dicionário, um homófono* foi tão bem empregado.
                Somos nós, os carentes de atenção, esperando por cada movimento sutil da platéia e que sugira um registro de emoção interna, ainda que exteriorizado  de uma forma imperceptível aos sentidos do emitente. Nós, os artistas, principalmente da arte viva, da arte que depende do espectador para sermos completos, nos tornamos, também, expectadores de sensações . Quando acabada a execução da nossa arte viva, a atmosfera do espaço coxia/palco/platéia, é a exata simbiose entre nós; os reais expectadores com os reais espectadores. 
Disse e repito: me curvo, diante do mágico enlace natural de expectador e espectador, enlace este, que é o verdadeiro alimento da alma do artista.

Por: Jessie Miranda.