E me curvo, diante do silêncio, da respiração presa
pela expectação do espectador.
E sou tomada por seus silêncios, suspiros, pausas
dramáticas e, até, um leve movimento para encontrar a melhor posição e
acompanhar atento o que sucederá diante de seus olhos.
Do lado de cá do palco, somos mais que
espectadores, nós, os artistas, somos no som da palavra, como quem nos assiste;
expectadores.
Nunca, em qualquer palavra pertencente ao
dicionário, um homófono* foi tão bem empregado.
Somos nós, os carentes de atenção, esperando por cada movimento sutil da
platéia e que sugira um registro de emoção interna, ainda que exteriorizado
de uma forma imperceptível aos sentidos do emitente. Nós, os artistas,
principalmente da arte viva, da arte que depende do espectador para sermos
completos, nos tornamos, também, expectadores de sensações . Quando acabada a
execução da nossa arte viva, a atmosfera do espaço coxia/palco/platéia, é a
exata simbiose entre nós; os reais expectadores com os reais
espectadores.
Disse e repito: me curvo, diante do mágico enlace
natural de expectador e espectador, enlace este, que é o verdadeiro alimento da
alma do artista.
Por: Jessie Miranda.
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